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terça-feira, 27 de agosto de 2013

Mossad no Paraguai: Usando o EPP para obter o Aquífero Guarani?


PCB-AREA X. – Especialistas israelenses em segurança que trabalham para o presidente eleito, Horacio Cartes, percorreram departamentos (estados) do norte do país e zonas fronteiriças, divulgou o jornal Última Hora. Apoiado em fontes próximas a Cartes, o jornal explicou que se trata de agentes do Instituto de Inteligência e Operações Especiais de Israel (conhecido por sua sigla Mossad) e estiveram nas convulsionadas áreas dos departamentos de San Pedro, Concepción e Amambay.

O objetivo dos especialistas foi “reconhecer e analisar” as zonas consideradas como as mais conflitivas do país em questão de segurança e onde opera com total liberdade o denominado Exército do Povo Paraguaio (EPP), indicou o meio de comunicação.

Assegurou que Cartes conta com cinco guarda-costas israelenses, sem mencionar os que cuidam da segurança de suas duas filhas, sua esposa, sua mãe e do resto de seus familiares mais próximos.

Estes guarda-costas foram postos à disposição do mandatário eleito pelos especialistas do Mossad como um “presente” pela confiança de Cartes no trabalho de assessoria, segundo revelou um dos homens mais próximos do governante, explicou o Última Hora.

Acrescentou que, em todos os atos que o chefe de Estado participa, os israelenses estão presentes, ainda que oficialmente os encarregados da segurança presidencial são os membros do Regimento de Escolta Presidencial.

Neste caso, o chefe de segurança desse regimento na residência de Cartes é o major Daniel Falcón que, no seu tempo, resguardou a segurança do ex-presidente Nicanor Duarte Frutos, entre 2003/2008.

Os israelenses se encarregaram de fazer para Cartes um mapa da situação no norte do país, percorrendo as fronteiras, e realizaram um informe técnico confidencial para entregar ao presidente eleito, pontuou o Última Hora.


Eles já percorreram quase todas as zonas, estudaram quase toda a região do norte e, sobretudo, a cada um dos supostos membros do EPP, os mais procurados, revelou a fonte.

O curioso é que o chamado EPP tem uma existência duvidosa e parece mais uma escaramuça midiática para impor uma agenda de militarização do Paraguai do que qualquer outra coisa. De fato, as intensas buscas no Norte e Oeste do Paraguai não indicaram rastros de nenhum tipo de movimento guerrilheiro na zona.

Assim, a existência do EPP fantasma alberga em seu seio outra intencionalidade. Não são poucos os que asseguram que o controle de recursos hídricos é o verdadeiro objetivo, tanto do Mossad como dos comandos dos Estados Unidos que treinam no país guarani.

O cobiçado Aquífero

Para muitos, no marco da sede global, nosso continente tem a sorte de contar com um dos reservatórios de água subterrânea mais importantes do mundo: o Aquífero Guarani. Sem dúvidas, o que para alguns é um recurso natural fundamental para a vida, para outros é o botim do qual os países poderosos podem chegar a tratar de obter, inclusive através da força.

Algo tão fundamental como a água, então, passa a gerar uma hipótese de conflito. Os EUA, uma potência que até o momento dirigiu sua expansão para países que possuem petróleo —como no caso do Kuwait e Iraque—, no futuro e diante da escassez de água, poderia dirigir sua mira para nações onde a água é abundante. Esta hipótese de conflito é apoiada por especialistas na Argentina.

Uma das pessoas mais consultadas quando se menciona o Aquífero Guarani é a historiadora e geopolítica Elsa Bruzzone, que ao longo dos últimos anos vem advertindo sobre a intenção dos EUA de apropriar-se —segundo sua análise— deste recurso natural.

Bruzzone assegura sem delongas: “Demos em 2003 a voz de alerta sobre o que estava sucedendo na Tríplice Fronteira. Parecia-nos muito estranho que pudesse haver células da Al-Qaeda, do Hamas ou do Hezbollah. Fomos até essa zona e falamos com os moradores, com as autoridades de Ciudad del Este, de Foz do Iguaçu e de Puerto Iguazú. Eles tinham as coisas muito claras. Até riam dos comentários sobre a presença de terroristas. Diziam-nos  que não havia nenhuma célula deste tipo, mas que se falava muito de um ponto importante de carga e descarga no Aquífero Guarani”. Bruzzone destaca uma inconsistência entre a política do Departamento de Estado e a dos organismos encarregados nos EUA de resguardar a segurança nacional desse país encabeçados pelo Pentágono.

“Desde o ano 2001 até 2006, inclusive, o Departamento de Estado norte-americano disse que não há presença de células terroristas na região. A partir destes informes, recordamos o que em 1998, 1999 e 2000 disseram ex-funcionários do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional: eles asseguravam que no século XXI as guerras seriam pela água, assim como o petróleo havia sido o motivo das guerras durante o século XX.” Elsa Bruzzone não encerra seu pensamento, e como uma calculadora que registra datas, informes e documentos em sua mente, recorda e compartilha comigo esses dados: “Em 2004 foi quando caiu a ficha. As Nações Unidas confirmavam que para o ano 2020-2030, 90% da população não teria aceso à água potável, limpa e pura; como costumamos dizer, uma água boa. Então pensamos: se morrem de sede ou terão que tomar água contaminada. Sabemos que a água contaminada com bactérias afeta, sobretudo, aos adolescentes e as crianças. Quando olhamos para esses prognósticos, nos damos conta de que estamos às portas de uma catástrofe de dimensões jamais vistas na humanidade”.

Isto já é por si só alarmante, mas acrescentamos mais um dado: “Um informe do Pentágono do final de fevereiro de 2004, que coincide com o mesmo relatório das Nações Unidas, propõe claramente que o governo dos Estados Unidos desloque as Forças Armadas por todo o planeta, para tomar o controle destes recursos, especialmente a água, onde quer que se encontre, porque é vital para a sobrevivência dose Estados Unidos como potência dirigente do mundo”.

Bruzzone segue relacionando dados e informações e faz referência a um pedido do governo dos Estados Unidos à Organização dos Estados Americanos: “Agora vemos esta insistência do Senado dos EUA para que se solicite à OEA a formação de uma força militar combinada entre Argentina, Brasil, Paraguai e EUA, dentro do marco do Comitê Interamericano de Luta contra o Terrorismo. Esta historiadora e geopolítica ressalta outro dado que é interessante: como, apesar dos comentários públicos de parte dos EUA sobre a boa cooperação antiterrorista na região, cada um insiste no que teoricamente estaria passando na Tríplice Fronteira, ou seja, as supostas atividades de grupos como o Hezbollah.

“Em seu informe anual, o Departamento de Estado disse que está funcionando muito bem o diálogo antiterrorista 3+1, que é o acordo firmado entre Brasil, Paraguai, Argentina e EUA para controlar a zona. E eles são persistentes nessa ideia. Conseguiram em Foz do Iguaçu o acordo para um novo escritório da CIA. Tem o acordo com o Paraguai para um escritório do FBI, além dos exercícios militares disfarçados de missões humanitárias. Na realidade, os EUA desejam uma maior presença militar, mais firme”, concluiu esta analista.

Outros especialistas, como é o caso do embaixador Raúl Estrada Oyuela, representante argentino de Assuntos Ambientais, destacam que o Aquífero é um recurso importante que deve ser cuidado, sobretudo quando estamos perdendo as reservas de água glacial por conta do aquecimento global. Para este analista, o principal problema do Aquífero Guarani é a contaminação. Em uma conversa que mantivemos com este diplomata, ele destacava que o Brasil —país sob cujo solo se encontra uma importante parte do aquífero— possui “sérios problemas de contaminação industrial”. “Há a preocupação de que essa contaminação possa ser filtrada e contamine o Aquífero”, declarou Estrada Oyuela.

Quando o consultamos sobre aspectos legais a nível regional e global, Estrada Oyuela afirmou: “Nas Nações Unidas estamos trabalhando em uma legislação que contemple o caso das acumulações subterrâneas de água que não tem saída para a superfície”. Por sua parte, deixou claro que a Constituição argentina sustenta que os recursos naturais são de domínio originário das províncias (estados): “O conceito de domínio é de direito civil, de direito real. Por cima ou por trás, há outro conceito que é o de soberania. A soberania destes recursos é da Nação. Em termos clássicos, esta não tem limites.

Quando se pergunta a Estrada Oyuela a hipótese da escassez de água e as advertências das Nações Unidas, ele se mostra um pouco cético e diz: “Em lugar de falar de escassez de água, devemos falar de um adequado manejo da disponibilidade de água. Desde o principio do mundo, a quantidade de água é a mesma. Por mais que se tome água, finalmente voltamos a colocá-la no ciclo da vida. Eu creio que mais que um problema de escassez, a questão é organizar como utilizá-la. No transcurso da conversa, este especialista deixa de lado as hipóteses que dizem que em poucas décadas o mundo sofrerá uma dramática escassez de água e nos marca, a nível climático, outro ponto que ele realmente identifica como alarmante: “O clima mudou muitas vezes na história da Terra, mas a um ritmo que a gente ia se adaptando. Agora, como há uma interferência muito forte do homem, esse ritmo está acelerando”. Estrada Oyuela reafirma: “O problema é a velocidade da mudança”.

Falando sobre a mudança climática, Estrada Oyuela explica que o avanço do aquecimento global pode gerar um debilitamento do permafrost, a capa de gelo permanentemente congelada nos níveis superficiais do solo nas regiões árticas: “Na Rússia há povoados imbicados sobre o permafrost. Os dutos de de petróleo da Sibéria estão sobre esta capa de gelo permanente, que ao debilitar-se ocasionará um impacto tremendo. Mais ainda, se levarmos em conta que esse gelo é água doce, então, ao derreter, essa água fria e doce irá se misturar com a corrente do Golfo (de águas quentes) mudando totalmente as condições do clima da Europa Ocidental, chegando inclusive a converter em deserto o centro da Europa.

Em geologia, permafrost ou permagel é a capa de gelo permanentemente congelada nos níveis superficiais do solo das regiões muito frias ou periglaciais como a tundra. Pode ser encontrada em áreas circumpolares do Canadá, Alasca e norte da Europa, entre outras. O permafrost pode ser dividido em pergelisol, a capa gelada mais profunda, e mollisol, capa mais superficial que costuma descongelar.

Depois desta advertência, que este especialista considerou a mais preocupante em nível ambiental, voltamos a insistir sobre os informes apresentados nas Nações Unidas sobre a próxima escassez de água doce que poderia padecer a humanidade. Rapidamente, e sem vacilar, Estrada Oyuela menciona uma palavra: dessalinização. Segundo este especialista, quando o água doce teoricamente comece a escassear, poderá ser utilizada a água do mar através de um processo que converta a água salgada em apta para o consumo humano. O embaixador se detém um segundo e menciona o caso da dessalinização que se dá na Itália, na bacia do rio Po.

Fonte: http://www.adndigital.com.py/pais/item/19125-mossad-en-paraguay-%C2%BFusando-al-epp-para-obtener-el-acu%C3%ADfero-guaran%C3%AD.html

Tradução: PCB Partido Comunista Brasileiro

fonte: PCB

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